quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

N. S. Imaculada Conceição de Sitio Novo

Sítio Novo chora saudoso no dia de sua padroeira. Maria concebida sem pecados e experimentada pela tormenta das Dores, dos Rosários, do Carmo, aparece nesta data subtendida a idéia lotérica de alguns, que de forma capitalista estragam a festa maviosa de nossa tão humilde Maria.
Sempre doce e serena, a virgem manteve-se sempre atrás de seu filho, sempre oculta em suas dores, recatada em seu mistério de amor, mas em Sítio Novo não, aqui ela assumiu a frente, foi transferida por braço forte à vitrine, onde bêbados e interesseiros passem e possam ver, aproximar-se e beber mais, saciando o seu desejo carnal.


A festa, antes linda e em espaço preparado, acontecia na quadra paroquial, onde tinha-se espaço e estrutura para abrilhantar este momento, agora, acontece na praça, na rua digamos assim, igualmente as festas mundanas, igualmente as carnavalescas festas feitas ao mês de fevereiro para proliferar a sexualidade e a transmissão de doenças pecaminosas. O som das musicas religiosas, sinto agora ter que informar que fora substituído pela voz de sanfoneiros e cantores que cantam de tudo, não querendo tirar o brilho da sanfona de Edison, que é um artista que merece respeito e de muitas qualidades, assim como o seu companheiro João Manoel, mas é estranho de se ouvi o locutor dos leilões anunciarem o show da banda costa nua. Isso me parece vulgar para um festejo religioso. E os leilões, que plena baixaria o que acontece nesta festa, antes respeitosos e alegres, agora retraídos por brincadeiras desagradáveis que manda para o hospital pessoas mais serias e menos devassa.
Na quadra, apesar do acesso não ser dos melhores, as pobres beatas, velhas e de pernas fracas, podiam andar sem preocupações entre as mesas e ver os amigos, sorrirem, andarem, se divertirem na graça de Deus. Hoje o festejo é feito para animais, em meio ao mato que a praça se transformou, praça essa que o nosso saudoso pe. Bruno demorou anos para deixar com lindas arvores e que com tanto zelo cuidou até o ultimo dia de sua estadia em Sítio Novo, quem não lembra dele brigando se alguém pisava na grama, agora festejamos encima dela como se fossemos um monte de jumentinhos famintos.
A praça não é o local adequado para essa festa, fica ao lado da escola, que mesmo não tendo alunos compromissados com o saber, por que se o tivessem, esses alunos já teriam tomado os microfones e mandado esse festejo ao inferno, a escola tem o dever se ensinar, mas em Sitio Novo pode-se tudo. Por que é permitido o festejo fazer barulho ao lado da escola se os carros de som não podem? O pensam que aqueles chatos fazendo leilão não atrapalham as aulas? Será que para leiloar uma prenda na praça, alguém que está em frente a prefeitura precisa ouvir o locutor? Será que agora ainda poderemos dar os lances por telefone, pois não faz diferença onde estamos, em todos os locais de Sítio Novo consegue-se ouvir o sorriso espalhafatoso de um determinado amigo.
Antes tínhamos uma novena, um festejo em comemoração a nossa santa mãe que durava apenas nove dias, dez com o aniversario do padre, e agora, qual a razão de ultrapassar esse numero, não será apenas interesse financeiro de um ou outro dirigente? Conheço muitos padres que fazem festejos maiores que os de Sítio Novo, mas que basta encontrarem dois tijolos e um telha que fazem uma construção.
Não estou apontando erros, criticando forças. Não sou contra o progresso, Deus sabe que eu não sou, mas eu acho que a família se deu mal, ao trocarem as festas religiosas familiares por bailes carnavalescos em pleno mês de dezembro.

Allyson Rodrigues Diniz

Nenhum comentário:

Postar um comentário